Processo Seletivo Seriado 2005

Relatório da Correção das Provas Discursivas

A P R E S E N T A Ç Ã O

O presente relatório consta de uma apreciação sucinta de cada questão componente das provas discursivas da 3a série do PSS-2005. Essa apreciação contempla o assunto abordado na questão, o desempenho apresentado pelos candidatos, as possíveis causas desse desempenho e sugestões para sanarem os problemas detectados.

As questões das provas estão assim numeradas:

§        Português (Literatura) – 01 a  02

§        Matemática e Biologia (Grupo II) – 01 a 06

§        História, Física e Biologia (Grupo I) – 07 a 12

§        Geografia e Química – 03 a 08

Para cada questão foi atribuída uma nota no intervalo de zero a 4 (quatro) e para a redação de zero a 10 (dez).

APRECIAÇÃO DAS PROVAS POR MATÉRIA

L Í N G U A  P O R T U G U E S A

(QUESTÕES  DE  LITERATURA)

A maioria dos examinadores considerou que houve uma certa evolução nas respostas apresentadas, diminuindo o número de questões com nota zero e de questões deixadas sem respostas. Foi observado que, diferentemente do que ocorria antes, os candidatos demonstraram mais capacidade de interpretação, não se limitando aos elementos históricos que normalmente aparecem nos livros didáticos ou em algumas aulas de literatura do ensino médio, e souberam identificar com pertinência os aspectos formais do texto de Mário Quintana que o afastavam da estética modernista. No entanto, apesar deste avanço, verificou-se a persistência, entre boa parte dos candidatos, de algumas dificuldades relacionadas aos elementos do texto poético, a exemplo da distinção entre verso e estrofe, o que prejudicou consideravelmente a resposta correta à letra b, pois ao invés de retirarem apenas o verso que correspondesse ao que era solicitado, terminavam apresentando a estrofe inteira, o que não permitia avaliar se realmente estavam ou não dando uma resposta com conhecimento.

Deduz-se das respostas apresentadas que a leitura do texto literário, considerando-se a especificidade de cada gênero, não é trabalhada de forma eficaz no Ensino Médio. Pode-se afirmar que a quase totalidade dos candidatos confunde os elementos dos textos/discurso poéticos com os da prosa. Exemplo: narrador/eu-lírico. Nota-se, também, que os esquemas adotados em algumas escolas e a utilização de “livros facilitados” criam distorções acerca das obras, dificultando o entendimento das especificidades do texto. Muitas respostas partem de juízos de valor pré-concebidos ou de clichês sobre a obra do autor. A compreensão das figuras de linguagem, por exemplo, objeto da Questão 2, mostrou ser tarefa complicada para os candidatos. É possível que essas figuras não estejam sendo suficientemente analisadas enquanto elementos estruturais do discurso literário.

Com relação à Questão 1, além do claro desconhecimento da obra de leitura obrigatória, foi observada uma dificuldade no tocante à interpretação dos textos. Não deixam de se fazer presentes os erros de ortografia, coesão e coerência textuais.

Na tentativa de apontar soluções para os problemas detectados, sugere-se:

§      o desenvolvimento, nas escolas, de um ensino mais dinâmico da leitura dos textos literários, principalmente dos textos poéticos, acompanhado do incentivo e da orientação à produção textual.

§      a necessidade de mudança no foco das aulas de literatura para uma compreensão das várias diferenças entre autores e obras, mesmo que dentro de um mesmo período ou bandeira estética.

§      o incentivo à leitura integral das obras indicadas, evitando-se a simples leitura de “resumos”.

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L Í N G U A    P O R T U G U E S A

(REDAÇÃO)

As atividades estabelecidas para o processo de correção do PSS2005 estiveram centradas em três ações: realização de reuniões visando à elaboração de uma grade de avaliação; definição das questões lingüísticas a serem consideradas durante o processo de treinamento; e seleção das provas a serem utilizadas durante esse processo.

TREINAMENTO DOS PROFESSORES EXAMINADORES

O treinamento para a correção das redações objetivou assegurar um maior grau possível de homogeneidade, através da unificação dos critérios de avaliação.

No sentido de aperfeiçoar o processo de correção para este ano, o treinamento foi iniciado com uma avaliação das correções anteriores, apontando algumas das dificuldades enfrentadas no desenvolvimento daqueles trabalhos, sanadas ao longo do treinamento. Neste momento, também foi apresentada a grade de avaliação, com a sugestão de que sua discussão ocorresse durante a atividade de análise das redações do PSS2005 previamente selecionadas para o treinamento.

Dessa forma, a correção das redações obedeceu às orientações apresentadas na própria prova e aos seguintes aspectos pré-estabelecidos: a coerência textual, a coesão textual e a norma culta escrita, tendo a redação a pontuação máxima de 10 pontos.

§       COERÊNCIA TEXTUAL – unidade textual, respeito ao princípio da não-contradição, da continuidade e da progressão de sentido entre as partes do texto.

§       COESÃO TEXTUAL – organização textual, emprego dos elementos coesivos referenciadores e seqüenciadores que assinalam a manutenção, a progressão do sentido, e as relações lógico-semânticas entre os enunciados.

§       NORMA CULTA ESCRITA – uso adequado do vocabulário (adequação ao registro culto), da ortografia, da concordância, da regência, da colocação e da pontuação. O candidato poderia recorrer a outros registros da língua, desde que, tendo escolhido produzir um texto narrativo, fizesse uso do discurso direto.

No caso de o candidato não ter considerado as orientações apresentadas no comando das redações, foi adotado o seguinte procedimento:

a)   havendo fuga ao tema, a redação não seria corrigida, sendo a ela atribuída nota zero;

b)   havendo afastamento do tema, a redação seria corrigida, sendo a nota reduzida de acordo com o grau de afastamento.

TRABALHOS DE CORREÇÃO

Vale a pena ressaltar a manutenção do sistema de dupla correção: cada redação foi corrigida por dois professores, sem que um deles tivesse conhecimento da nota atribuída pelo outro. Nos casos em que se registrou diferença superior a dois pontos nas notas atribuídas, a redação foi reavaliada pela Banca de Revisão que definiu e atribuiu a nota final.

DESEMPENHO DOS CANDIDATOS

No PSS 2005, 11.947 candidatos submeteram-se à prova de Língua Portuguesa da 3a série, em que constava uma questão de produção de texto (Redação). Para essa produção foram propostos dois temas. Tema 1: Qualidade de vida nos grandes centros urbanos, Tema 2: Violência nas pequenas cidades.

Quanto aos textos produzidos, embora se tenha observado um melhor desempenho dos candidatos, em relação a anos anteriores, pôde-se constatar que muitos copiaram na íntegra os textos oferecidos como subsídios ou os parafrasearam (com a substituição de elementos lingüísticos de situacionalidade: nome de cidades, datas, horários) sem apresentarem uma contribuição pessoal, ainda que do ponto de vista da organização textual. Foram constatadas ainda dificuldades para desenvolver o tema escolhido. Avalia-se que alguns não conseguiram ler adequadamente os temas, respeitando as delimitações apresentadas no enunciado da proposta de redação – o que deu origem a um aumento significativo de textos considerados como fuga do tema – e outros não conseguiram manter a progressão textual e a unidade temática, resultando na produção de texto com afastamento do tema. Essa constatação leva a afirmar-se que há, por um lado, um problema claro de leitura interferindo na compreensão adequada do comando para a produção de texto e, por outro lado, um desconhecimento dos elementos de textualidade, principalmente dos aspectos relativos à coesão e à coerência textual, em sentido amplo, interferindo na produção dos textos. E não se pode deixar ainda de fazer referência aos problemas detectados quanto à norma culta da língua escrita.

§        no que diz respeito ao item coerência, observou-se que os textos produzidos pelos candidatos apresentam um baixo nível de informatividade, o que compromete a argumentação textual. Em geral, os textos não apresentam progressão de sentido, tornando-se repetitivos e circulares do ponto de vista dos argumentos defendidos.

§        no que diz respeito à coesão, os textos revelam que grande parte dos candidatos não têm domínio do emprego dos elementos seqüenciadores e referenciais, o que afeta a organização geral do texto, interferindo na própria coerência.

§        no que diz respeito à norma culta, constataram-se sérios problemas relacionados ao domínio da modalidade escrita: desvios de concordância, de regência, de pontuação, além de problemas de registro ortográfico, característicos do processo inicial de alfabetização, inadmissíveis a um aluno que concluiu o ensino médio.

Não obstante essas dificuldades, foram identificados textos cujos autores revelaram um bom desempenho na modalidade escrita da língua, atendendo ao que se espera de um aluno que concluiu o Ensino Médio no que diz respeito à produção textual. Nessas produções, pôde-se constatar:

§        fidelidade ao tema escolhido, com continuidade e progressão de sentido entre as partes – revelados também no uso adequado dos elementos de textualidade (lingüísticos/pragmáticos) – constituindo, assim, uma unidade textual que obedece ao princípio da não-contradição;

§        um grau razoável de informatividade, que concorreu para a consistência da argumentação, fugindo do lugar-comum, tão presente na grande maioria dos textos;

§        marcas de intertextualidade, cujo aproveitamento se deu de forma criativa, revelando desenvoltura do(s) candidato(s) em fazer referência a outros textos, sem meramente copiá-los, como ocorreu na grande maioria dos casos;

§        o uso adequado e apropriado de linguagem metafórica, conferindo ao(s) texto(s) um relevo especial, com construções ou imagens inusitadas;

§        o uso adequado da norma culta da língua.

Esse desempenho satisfatório pode ser conferido nos textos transcritos e publicados a seguir nos quais se observa competência dos candidatos em produzir texto escrito, revelando, assim, sua proficiência no uso dessa modalidade da língua.

 

A “Manguetown” e seus homens-caranguejo

 

            As discussões em torno da opressão de grupos sociais, das desigualdades políticas e da exploração do homem nunca vão acabar. Pode parecer fatalista demais, mas é fato, e “contra fatos não há argumentos”. Infelizmente, a pobreza é necessária para a manutenção das relações de poder, que por sua vez, se agravaram depois da atroz consolidação do sistema capitalista.

            Pensemos nos problemas da poluição e da pobreza e tomemos Recife como objeto de análise, cidade que cresceu sem planejamento e, se não teve seus mangues aterrados, os tem poluídos. Mas tudo bem, tudo pelo crescimento, não é? Não! Penso em Chico Science, cantor pernambucano, que compara a cidade de Recife a um coração e os mangues como sendo suas artérias. Destruindo-os, por conseqüência, acaba-se com um rico ecossistema e a cidade enfarta!

            E os homens-caranguejo, cor-de-lama, olho de bicho que procura desesperadamente por comida e conversa com urubus. Será que ninguém vê? Ninguém é capaz de se sensibilizar com a dor e a vida severina desses homens, mulheres e crianças que sobrevivem na cidade?

            Consciência e vontade política são condições sine qua non para que os problemas urbanos sejam, pelo menos, amenizados. E como canta Chico: “A cidade não pára, a cidade só cresce; o de cima sobe e o debaixo desce”. 

 

 

 

Um incômodo elefante na sala de estar

 

            Céu cinza. Trânsito em fervura. Um turbilhão de faces envoltas em seus afazeres. Ruas em polvorosa com seus milhares de ambulantes a oferecer aos gritos o novo produto à senhora que passa. Meninos de rua, sem casa, sem nome, sem dono e com fome, que fazem do chão imundo dos grandes centros seus parques de brincar. É esse o retrato que temos ao olhar de perto uma grande cidade: os milagres e as agonias do desenvolvimento, onde  progresso e miséria se enlaçam em estranha dança.

            A vida estagnada das cidades pequenas e da zona rural, acostumada ao abismo social, dá lugar na mente de milhares de brasileiros ao sonho utópico do dia-a-dia na metrópole: deixar pra trás o interior e progredir na capital. No entanto, o progresso e seu rolo compressor não costumam receber com boas-vindas os que a ele recorrem sem preparação, inexperientes com a esperança e a inocência entre as mãos. O sonho comumente se desfaz em poeira e lama, e vem então a sobrevivência. Empregos subhumanos e falta de estrutura. Bairros e favelas que mais parecem formigueiros. Empilhamentos de gente. Gente que pra não sucumbir vira bicho. Não é raro então que o desespero leve à criminalidade, à fuga de quem não soube outro caminho.

            Soluções, se essas existirem, não serão instantâneas. O que levou pouco tempo para acontecer, precisaria de uma eternidade para ser reparado. Mais emprego, e por consequência mais renda, que amenizaria a miséria. Maiores investimentos na zona rural e no interior, que freiariam o êxodo incessante. Ações que, de um lado, soam tão simples, por outro, se revelam um incômodo elefante na sala de estar da sociedade.        

 

CONCLUSÃO

Os problemas detectados, no que diz respeito ao desempenho dos candidatos, não destoam dos anos anteriores. Esses problemas sugerem que a leitura continua sendo concebida na escola como mera decodificação do signo lingüístico. Provavelmente, o texto está sendo tratado na sua linearidade e a sua produção resumida a uma atividade de cópia, de retomadas de lugares-comuns, sem marcas de um sujeito que produz e se responsabiliza por essa produção. É necessário que o processo de ensino e aprendizagem da leitura e da escrita nas escolas seja fundamentado numa concepção de linguagem que realmente promova mudanças concretas; uma concepção que reconheça o envolvimento dos sujeitos com o seu processo de aprendizagem e que os torne responsáveis por essa aprendizagem.

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B I O L O G I A

Questão 1 ou 7

Fisiologia Humana (Aparelho Digestório)

 

Em que pese tratar-se de questão bastante simples, a grande maioria dos candidatos teve desempenho insatisfatório, visto que apenas um número reduzido deles foi capaz de elaborar respostas concisas, claras e conceitualmente corretas. Com relação à primeira parte da questão, na qual o candidato deveria nomear os órgãos do aparelho digestório devidamente indicados em figura, detectou-se grande dificuldade na identificação desses órgãos, havendo aqueles que chegaram a confundi-los com outros do mesmo sistema. Para os examinadores, este fato evidencia uma separação entre a teoria e a prática, uma vez que muitos candidatos, apesar de conhecerem os nomes dos órgãos do sistema, não conseguem identificá-los. Registrou-se, ainda, com freqüência, um segundo tipo de erro, este de natureza mais grave, que corresponde à citação de órgãos de outros sistemas como pertencentes àquele em estudo. No que se refere à segunda parte, a questão parece ter-se tornado ainda mais difícil para a maioria, haja vista o elevado número de explicações incompletas e/ou dissociadas do tema enfocado. Finalmente, no terceiro item da questão, observou-se que muitos candidatos não foram capazes de relacionar forma e função, demonstrando, assim, a dificuldade em estabelecer correspondência entre a anatomia e a fisiologia humanas. Para os examinadores, as respostas apresentadas demonstraram aprendizado insuficiente do tema abordado, tendo em vista a transmissão de informações imprecisas acerca dos processos físicos e químicos da digestão e, em alguns casos, o desconhecimento quase total do assunto, considerando-se a citação, na qualidade de integrantes do sistema digestório, de órgãos como traquéia, rim, baço, hipotálamo, canal deferente, trompas de falópio, estômato e endocarpo.

 

Questão 2 ou 8

Genética (Herança ligada ao cromossomo X)

 

 

A questão abordava, dentro do conteúdo de genética, herança ligada ao cromossomo X, incluindo os aspectos de probabilidade inerentes ao assunto. A primeira parte foi, de um modo geral, respondida satisfatoriamente, não deixando, contudo, de se verificarem respostas em que o problema recebeu um tratamento indevido, sendo equivocadamente interpretado como caso clássico de herança Mendeliana, desconsiderando, na situação apresentada, a herança ligada ao sexo. Na parte final, muitos candidatos, de forma recorrente, não consideraram a probabilidade de a personagem Ana apresentar, ou não, o genótipo causador da anomalia (Yz),  fornecendo como solução IA,  em lugar da probabilidade 0, que viria a ser a resposta correta. Com base no desempenho dos candidatos, os examinadores concordam que o assunto vem sendo devidamente abordado nas escolas do Ensino Médio, faltando ao aluno dar-se conta da necessidade de uma análise mais cuidadosa das situações apresentadas em problemas sobre o tema.

Questão 3 ou 9

Evolução (Cladogênese e Anagênese)

 

A maioria dos candidatos teve grande dificuldade na resolução da questão, tendo sido relevante o número daqueles que não apresentaram qualquer resposta, bem como dos que elaboraram respostas incoerentes. Percebeu-se, com freqüência, que boa parte dos candidatos possui uma idéia equivocada sobre o que vêm a ser os fenômenos da cladogênese e da anagênese, entendendo-os como diferentes tipos de especiação, tendo sido registrados casos em que cladogênese representava a especiação alopátrica e anagênese, a simpátrica. Muitos ainda confundiram os conceitos de cladogênese e anagênese com os de homologia e analogia, respectivamente, tendo havido, também, quem confundisse os próprios conceitos entre si. As respostas apresentadas deixaram claro não ser compreendida, em sua plenitude, a relação existente entre isolamento geográfico e cladogênese, tendo esta, na grande maioria dos casos, sido equivocadamente associada a uma barreira geográfica literal. Outros equívocos freqüentes dizem respeito à referência dada à anagênese como evolução de uma espécie ou característica de uma espécie através do uso-e-desuso, conceito evolutivo proposto por Lamarck no século XVIII e que não possui validade científica reconhecida, e à idéia, essencialmente finalista, dada ao conceito de adaptação: as espécies adaptam-se para sobreviver.

Com relação às respostas pontuadas, pode-se afirmar que apenas reproduziram o texto presente nos livros que definem corretamente os termos cladogênese e anagênese, fato indicativo da memorização da informação, sem demonstrar entendimento de seu conteúdo. Na opinião dos examinadores, o entendimento, por parte dos candidatos, de cladogênese e anagênese como processos distintos de especiação, e não como fenômenos que, atuando conjuntamente, provocam o referido processo, e o massivo apelo ao conceito de especiação filética como forma de expressar a “especiação por anagênese”, sugerem que assuntos ligados à evolução não vêm sendo adequadamente discutidos nas escolas. Saliente-se que a maioria dos livros didáticos disponíveis realmente não trata a questão de forma adequada, incorrendo, eles mesmos, nos equívocos destacados acima, razão pela qual faz-se necessária uma permanente atualização dos docentes responsáveis pela ministração da matéria Biologia. Muitos conceitos fundamentais, em especial os relacionados ao tema da evolução, têm sofrido mudanças ao longo de décadas, exigindo, por conseguinte, dos professores uma preocupação com a atualização de seus conhecimentos, inclusive através da consulta a livros do terceiro grau, o que vem a favorecer, também, uma leitura crítica dos compêndios adotados para seus alunos.

 

Questão 4 ou 10

Ecologia (Relações interespecíficas)

 

 

Nesta questão, cujo grau de dificuldade era mínimo, o desempenho dos candidatos pode ser classificado como satisfatório. Registre-se, contudo, que muitas respostas refletiram uma deficiência no aprendizado do assunto abordado, caracterizada, principalmente, pela confusão entre os conceitos de herbivorismo e predatismo, com os de herbívoro e predador, respectivamente. Grande parte dos candidatos cometeu o mesmo tipo de erro ao referir-se, em suas respostas,  a predador e a herbívoro e não à predação e à herbivoria, como solicitado. Exemplo disso é a afirmação: "Herbivorismo = animais que devoram plantas inteiras ou parte delas". Equívocos na conceituação de herbivorismo também ocorreram, apesar de em menor freqüência, como, por exemplo: “Herbivorismo é o tipo de releção alimentícea (sic) na qual o animal se alimenta de herbívoros". Foram ainda observados erros grosseiros em relação à tentativa de conceituar herbivorismo, como se vê na seguinte resposta: "Herbivorismo é o organismo que se alimenta de besouro". Concluíram os examinadores que o maior equívoco cometido pelos candidatos foi o de conferir às relações em discussão uma relevância generalizada, traduzida, por exemplo, na frase: “promover o equilíbrio do meio ambiente". Outro problema verificado relaciona-se à concepção unidirecionalista do controle das populações, isto é, o controle da densidade das populações de presas por parte dos predadores. Sabe-se que o beneficio nessas relações interespecíficas está na manutenção de um equilíbrio dinâmico. Assim, como os predadores controlam as populações de presas, a falta do alimento (presas) também é fator limitante para a proliferação das populações de predadores. Houve respostas que evidenciaram, ainda, uma outra deficiência no aprendizado do assunto: a não percepção da importância e do status dos vegetais na natureza. Em muitos casos, os vegetais foram tratados como organismos à parte, inferiores, sem importância. É possível que esta distorção tenha como base o próprio ensino formal, que valoriza excessivamente os animais em detrimento dos vegetais, embora possa ainda advir de característica cultural que contribui para uma visão distorcida da natureza. Sugere-se, como conseqüência da análise apresentada, que o ensino do tema destaque a diferença entre estas relações (herbivorismo e predatismo) e seus agentes (herbívoros e predadores). No que se refere à importância das relações interespecíficas para a manutenção do equilíbrio ecológico, deve ser evidenciado, além do controle dinâmico da densidade das populações envolvidas, seu papel no fluxo de energia, desde o nível mais básico, o produtor, até o herbívoro que disponibiliza a energia obtida para outros níveis.

 

Questão 5 ou 11

Evolução (Suporte Teórico)

 

 

Um grande número de candidatos não conseguiu sequer pontuar nesta questão, apesar da mesma ser classificada como de dificuldade apenas mediana e trazer como suporte à sua resolução figura ilustrativa da semelhança estrutural entre espécies de mamíferos. Observaram-se, na maioria das respostas, erros de diversas naturezas, inclusive os decorrentes da interpretação equivocada do enunciado do problema, caracterizados por afirmações sobre lamarckismo, darwinismo e neodarwinismo, conceitos totalmente desconexos do tema focalizado. A resposta correta dependia de conhecimentos básicos sobre Evolução, normalmente adquiridos quando, dentro do tema, estudam-se a homologia e a analogia. Dentre aqueles que não obtiveram nota zero na questão, poucos demonstraram capacidade de interpretar a existência de semelhança estrutural e mesma origem embrionária (homologia) com ancestralidade comum, cabendo à maioria revelar, tão somente, a memorização de conceitos e nenhuma aptidão para relacionar e sintetizar conhecimentos relativos à teoria da evolução.

 

Questão 6 ou 12

Genética (Transmissão das características)

 

 

Para a sua solução, a questão exigia a interpretação de um heredograma fornecido. Grande parte dos candidatos apresentou dificuldade em respondê-la, principalmente por não ter conseguido analisar a figura de forma adequada. Em muitos casos, os conceitos de dominância e recessividade eram colocados corretamente, mas sem guardarem qualquer relação com o heredograma. Além disso, boa parte dos candidatos, em suas respostas, chegou a declarar que, para a expressão da anomalia, seria necessário o cruzamento de um portador saudável com um duplo recessivo. Chamou a atenção, também, o acerto em relação à transmissão da anomalia por gene recessivo, seguido de erro quanto à fundamentação dessa resposta. Normalmente, tal afirmação foi justificada tendo em vista o número de pessoas afetadas e não o fenótipo dos pais, que vem a ser a razão correta. Equívocos dessa natureza, tão comuns em vestibulares, decorrem, provavelmente, do fato de o ensino da genética estar sendo excessivamente centrado no estudo das probabilidades de expressão de um determinado fenótipo, sem a necessária análise dos fundamentos biológicos de tais probabilidades. O desempenho dos candidatos parece refletir, em parte, a necessidade da implementação de programas de atualização e de formação continuada para docentes do Ensino Médio, visando o aprofundamento de seus conhecimentos, permitindo-lhes, assim, reduzir lacunas em suas formações acadêmicas e desenvolver, com maior eficiência, uma análise crítica dos livros disponíveis para utilização nas escolas. Concomitantemente, é importante estimular nos alunos o raciocínio, pois muitos simplesmente repetem conceitos memorizados, sem compreendê-los nem relacioná-los, o que os incapacita à resolução de problemas que exijam o exame e a interpretação de hipóteses ligadas a esses conceitos.

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F Í S I C A

Questão 7

Estática (Torque ou momento de uma força – Condições de equilíbrio)

 

Os examinadores consideraram que o desempenho dos candidatos nesta questão foi insatisfatório. Merece destaque o desconhecimento, demonstrado pela maioria, das condições de equilíbrio associadas às forças envolvidas no problema, fato que, certamente, acarretou a incapacidade de transformar a situação física apresentada em uma equação matemática que permitisse resolver a questão.

Questão 8

Hidrostática (Princípio de Arquimedes)

 

Em que pese o nível apenas mediano de dificuldade da questão, esta se constituiu num grande obstáculo para a maioria dos candidatos. O desempenho destes leva a crer que o assunto abordado não vem sendo suficientemente bem trabalhado em grande parte das escolas do Ensino Médio.

Questão 9

Gravitação (Leis de Kepler – Lei da gravitação universal – Corpos em órbita)

 

Com relação ao grau de dificuldade, esta questão equivale à anterior. No que diz respeito ao desempenho dos candidatos, contudo, registrou-se uma sensível melhora, apesar das respostas apresentadas ainda não corresponderem às expectativas dos examinadores.

Questão 10

Eletricidade (Lei de Ohm e resistores – Efeito Joule)

 

Esta questão registrou um número elevado de tentativas de solução. O desempenho dos candidatos, entretanto, não passou de razoável, haja vista os freqüentes erros cometidos nas resoluções, destacando-se o desprezo pelas unidades envolvidas, a não observância da ligação em série das resistências, no item a), e a não percepção da necessidade de ser efetuado cálculo para a nova corrente, no item b). Sem dúvida, constata-se, mais uma vez, a enorme dificuldade que possuem os candidatos em resolver questões que exijam a mínima interpretação de alguns conceitos da Física. Acredita-se que uma explicação para esse fato seja a estratégia de ensino adotada por muitos professores, consistindo na transmissão da idéia, completamente equivocada, de que a solução para um problema de Física depende, apenas, da escolha da fórmula correta a ser aplicada.

Questão 11

Eletricidade (Capacitores)

 

A enorme quantidade de provas nas quais esta questão foi deixada sem resposta, bem como o relevante número de resoluções avaliadas com nota zero, faz crer que a parte do conteúdo Eletricidade aqui abordado não vem sendo sequer ministrado na maioria das escolas do Ensino Médio.

Questão 12

Magnetismo (Campo magnético de um condutor reto e longo – Lei de Ampère: aspectos fenomenológicos)

 

O desempenho dos candidatos na questão foi muito ruim. Com relação ao item a), bastava entender como funciona a indução magnética e o modo pelo qual os vetores do campo magnético são somados, o que levaria a um esboço das linhas do campo e, consequentemente, à solução, sem a necessidade de realizar qualquer tipo de cálculo. Mesmo assim, apenas 4 candidatos resolveram corretamente esta parte da questão. Para a solução do item b), era suficiente efetuar o cálculo do valor do campo magnético, utilizando a fórmula adequada. Pelas resoluções apresentadas, percebeu-se que mais de 50% dos candidatos tinha conhecimento da fórmula, não conseguindo, porém, aplicá-la corretamente, isto porque, para tanto, era necessário saber compor os campos magnéticos envolvidos no problema. Na opinião dos examinadores, as respostas analisadas deixam clara a deficiência de raciocínio dos candidatos que, em sua maioria, conhecem teorias e fórmulas, mas não possuem o devido discernimento sobre seus significados.

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G E O G R A F I A

Questão 3

A expansão das empresas multinacionais e a nova Divisão Internacional do Trabalho (DIT)

 

 

O desempenho dos candidatos situou-se entre ruim e regular. Muitos confundiram a DIT com a nova ordem mundial e outros não conseguiram defini-la, nem estabelecer qualquer periodização histórica de sua evolução, resumindo suas respostas à citação de alguma característica da nova DIT, baseando-se em figura constante do enunciado da questão. Apenas um reduzido número de candidatos mostrou-se capaz de definir, caracterizar e periodizar a DIT, citando corretamente aspectos que distinguem as versões antiga e nova. Tendo em vista as deficiências de aprendizado detectadas, sugerem os examinadores que seja incentivada a leitura de textos críticos relativos à realidade social e histórica, acompanhada de análise da dinâmica atual da sociedade, relacionando-a ao processo histórico que a originou e às conseqüências de tal processo sobre o território.

Questão 4

Os blocos econômicos: ordem multipolar ou cooperação econômica.

 

Nessa questão foi observado um desempenho que pode ser considerado bom, embora algumas respostas tenham se mostrado eivadas de preconceitos e outras deixarem transparecer uma característica de “solução empacotada”. A performance dos candidatos não foi melhor devido, certamente, à propagação de informação dando conta da existência de livro didático norte-americano, contendo mapa que exibe a Amazônia como território dos Estados Unidos, fato que fez aflorar em muitos um patriotismo, apesar de notável, fora do contexto. Com base nessa análise, entendem os examinadores que os alunos do Ensino Médio devem ser estimulados para a necessidade de possuírem uma visão crítica dos fatos veiculados pela mídia e Internet.

Questão 5

Processos de industrialização

 

Apesar do assunto abordado constituir tema normalmente bem explorado no Ensino Médio, o desempenho dos candidatos ficou muito aquém do esperado. Acredita-se que a forma utilizada para enunciar a questão tenha sido responsável por esse resultado, haja vista a evidente confusão, estabelecida pelos candidatos, entre causas e conseqüências do processo de distribuição geográfica das indústrias. As respostas demonstraram, também, um conhecimento bastante resumido de assuntos básicos da Geografia do Brasil, notadamente no que se refere à divisão política e regional do país e aos fatores que contribuíram para a atual distribuição de seu parque industrial. Os examinadores sugerem aos professores do Ensino Médio a utilização, freqüente e com propriedade, de mapas no ensino da Geografia e a realização, em sala de aula, de discussões sobre a questão ambiental.

Questão 6

Urbanização e qualidade de vida

 

O desempenho dos candidatos, nesta questão, pode ser considerado apenas razoável, tendo sido demonstrada insuficiente capacidade de análise e reflexão crítica acerca da fisiologia do meio natural. Obtiveram as melhores pontuações aqueles que discorreram sobre a poluição das águas e a destruição da fauna e da flora. A maioria limitou-se a enunciar o problema, sem, contudo, procurar explicá-lo. Muitos detiveram-se ao texto de suporte da questão, apresentando como resposta, obviamente incorreta, causas econômico-sociais que levaram à ocupação do mangue pela população de baixa renda, a qual, pode-se notar, é vista de forma bastante preconceituosa por esses candidatos. Cabe, assim, alertar os professores do Ensino Médio sobre a importância de desenvolverem em seus alunos um pensamento crítico em relação às informações repassadas pela mídia que, em geral, afastam o candidato de uma visão mais acadêmica do estudo da Geografia.

Questão 7

Os movimentos migratórios / Conflitos étnicos e religiosos

 

Mais uma vez registrou-se um desempenho muito fraco por parte dos candidatos, percebendo-se claramente um aprendizado bastante limitado do assunto. A maioria apresentou respostas absurdas que não guardavam qualquer relação com a situação enfocada. Muitos concentraram suas respostas em elementos já descartados no próprio enunciado da questão. Mesmo os que a responderam corretamente demonstraram não possuir uma visão crítica das informações fornecidas pela questão, como, por exemplo, em relação à guerra do Iraque e do Afeganistão. Dessa forma, sugere-se aos professores do Ensino Médio o desenvolvimento de atividades a partir da leitura crítica de artigos do interesse da Geografia, publicados em jornais e revistas.

Questão 8

Os movimentos ecológicos e a defesa do meio ambiente

 

As soluções fornecidas pelos candidatos revelaram que a maioria deles tinha conhecimento da problemática focalizada na questão, apesar de não conseguir analisá-la de forma mais aprofundada e abrangente. O desempenho pode ser considerado mediano, haja vista a pequena ocorrência de notas mínima e máxima. Os temas preferidos foram o desmatamento da Amazônia, a possibilidade de falta de água potável e a poluição atmosférica (efeito estufa e destruição da camada de ozônio), sendo raros os casos em que a utilização de transgênicos mereceu citação e comentário. Por força das deficiências detectadas no aprendizado do assunto, sugerem os examinadores que os problemas ambientais devam ser tratados com mais clareza e propriedade, possibilitando uma diferenciação mais objetiva dos diversos tipos de impactos ambientais, o que certamente evitaria, nas respostas apresentadas, a confusão estabelecida entre os fenômenos, suas causas e conseqüências.

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H I S T Ó R I A

Questão 7

Economia cafeeira e processo de modernização no Brasil

 

O desempenho dos candidatos nessa questão pode ser considerado bom, tendo sido apresentadas respostas que, de forma correta, chegavam a estender-se na abordagem do tema.

Questão 8

A concentração de capitais e a expansão imperialista. A Primeira Guerra: seus condicionantes e conseqüências

 

Diferentemente da anterior, essa questão registrou, em sua correção, um grande número de notas zero. De uma maneira geral, os candidatos montaram suas respostas com termos utilizados no próprio texto fornecido pelo enunciado, não conseguindo demonstrar conhecimentos sobre os questionamentos levantados em relação aos continentes africano e asiático, razão pela qual sugere-se uma maior atenção ao estudo desses continentes no Ensino Médio.

Questão 9

O processo de globalização e o neoliberalismo. A desagregação do bloco socialista e a nova ordem mundial.

 

Mais uma questão onde o desempenho dos candidatos foi considerado ruim. Nela evidenciaram-se dificuldades em determinar aspectos que caracterizam o socialismo, sendo o termo muitas vezes confundido com bem-estar social, e em ordenar eventos dentro de uma periodização histórica, notadamente no que se refere às 1a e 2a Grandes Guerras e à Guerra Fria. Muitos chegam a atribuir à primeira delas fenômenos como o nazismo e a consolidação da hegemonia dos Estados Unidos. Tendo em vista as deficiências detectadas no aprendizado dos assuntos abordados, sugere-se que haja, em sala de aula, debates sobre os temas atuais veiculados na mídia, como forma de proporcionar a oportunidade de estudos mais conceituais sobre o Contemporâneo.

Questão 10

Tendências, Problemas e Perspectivas do Mundo atual.

O processo de globalização e o neoliberalismo.

 

As respostas fornecidas pelos candidatos revelaram que a maioria deles possuía apenas algum conhecimento a respeito do argüído pela parte b) da questão, razão pela qual o desempenho aqui foi classificado como mediano. Sugere-se, dessa forma, a intensificação da leitura e uma verticalização do debate sobre neoliberalismo entre os alunos do Ensino Médio.

Questão 11

Era Vargas

 

O desempenho dos candidatos pode ser considerado satisfatório nessa questão, detectando-se, contudo, na maioria das respostas, uma freqüente confusão no estabelecimento da periodização da vigência do Estado Novo e da segunda Era Vargas. Este fato aponta para a necessidade de uma apresentação pontual da trajetória política do país, analisando seus diferentes momentos, desde a Revolução de 30 até a redemocratização, o que faz sugerir o desenvolvimento de estudo do contemporâneo em articulação com trajetórias históricas anteriores, bem como o ordenamento das continuidades e correlações da história econômica brasileira.

Questão 12

A militarização do Estado na América Latina e no Brasil.

O Estado Oligárquico Brasileiro.

Era Vargas: centralização política, controle ideológico e repressivo.

 

Aqui, a performance apresentada pelos candidatos foi surpreendentemente ruim, implicando a ocorrência de um elevado número de questões merecedoras da nota zero. Verificou-se enorme desinformação acerca das fases ditatorial do governo brasileiro e da Paraíba pós-30, além do que os fatos narrados sobre José Américo de Almeida prenderam-se à sua produção literária, distanciando-se, assim, do real objetivo do ponto em discussão que era a sua atuação política. Em razão do desempenho dos candidatos, sugere-se que os temas abordados nessa questão sejam mais trabalhados em sala de aula.

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 M A T E M Á T I C A

Questão 1

Operações elementares com números inteiros

 

Por tratar-se de questão reconhecidamente fácil, bom número de candidatos obteve êxito em sua solução, apesar da ocorrência de provas nas quais nenhuma resposta foi fornecida ao problema. Ainda merece nota o fato de alguns candidatos haverem utilizado, na solução da questão, raciocínios bastante distintos dos imaginados pela respectiva banca elaboradora, bem como outros, em que pese o correto raciocínio empregado, haverem falhado no cálculo de operações extremamente simples, como, por exemplo, 7x600. Esses fatos levam os examinadores a sugerir que os professores de Matemática, no Ensino Médio, alertem os alunos quanto à possibilidade da existência de mais de um método de solução para um mesmo problema e, principalmente, procurem desenvolver nesses alunos um raciocínio crítico capaz de apontar o melhor método a ser aplicado na solução do problema em estudo.

Questão 2

Análise Combinatória

 

Aqui se viu, praticamente, uma repetição da situação anterior. A questão apresentava baixo nível de dificuldade, grande número de candidatos a resolveu corretamente, porém, dentre esses, muito poucos o fizeram através do raciocínio lógico esperado: a fórmula que permite calcular combinações. A maioria que obteve êxito na resolução do problema apresentou solução com base na contagem explícita de todas as possíveis escolhas de sabores, raciocínio válido, contudo nada recomendável pelo risco de se tornar inviável nos casos em que o número de possibilidades de escolhas seja elevado. O erro comumente cometido, por aqueles que não conseguiram chegar ao resultado correto, foi o da utilização da fórmula que permite calcular arranjos, a qual, definitivamente, não correspondia ao caso apresentado. Em virtude do exposto, aconselham os examinadores que o ensino da Análise Combinatória se dê através da realização do maior número possível de exercícios práticos, que transmitam aos alunos o conhecimento necessário do assunto e os tornem capazes de estabelecer uma correta interpretação do enunciado dos problemas e, conseqüentemente, uma adequada diferenciação entre os variados tipos de agrupamentos (arranjos, combinações, permutações, permutações com repetição, etc).

Questão 3

Geometria Analítica (Circunferência – Distância entre dois pontos)

 

O desempenho dos candidatos nesta questão pode ser considerado bom, já que muitos a resolveram pelo menos parcialmente. Na maioria dos casos em que a solução correta não foi encontrada, verificou-se que o candidato ou não sabia como determinar as coordenadas do centro da circunferência, ou, sabendo, desconhecia o procedimento para obter a distância pedida. Nessa última hipótese, houve tentativas de solução em que foram utilizadas fórmulas que não se aplicavam ao problema. Muitas vezes, quando a fórmula escolhida estava correta, o candidato acabava por cometer erros de cálculo, chegando até a acontecerem resultados de distâncias com sinal negativo. Segue, portanto, a sugestão de que os professores, no Ensino Médio, procurem mostrar aos alunos a necessidade de uma análise crítica dos resultados finais de seus cálculos, objetivando descobrir se os mesmos fazem sentido no contexto do problema resolvido.

Questão 4

Geometria Analítica (Equação da reta – Área do triângulo)

 

Mesmo considerando que o nível de dificuldade dessa questão era apenas mediano, a performance dos candidatos foi insatisfatória. Foram cometidas várias incorreções nas soluções apresentadas para a questão, destacando-se, em maior número, as seguintes:

§        utilização das coordenadas da origem e dos pontos  e  no cálculo do determinante;

§        determinação equivocada da equação da reta t, implicando em erro no cálculo das coordenadas do ponto P;

§        estabelecimento incorreto do coeficiente angular da reta r, apesar de sua apropriada associação à normal;

§        interpretação equivocada da fórmula que fornece a área de um triângulo em função de seus vértices, acarretando resultados absurdos, como, por exemplo, áreas com valores nulos e até mesmo negativos.

No que diz respeito às soluções corretas, destaca-se a utilização de procedimentos, para determinação das coordenadas do ponto P, que diferiam daqueles presumidos pela banca, a saber: aplicação do “Teorema do Bico”, determinação da equação da mediatriz do segmento AB a obtenção do coeficiente angular da reta r via derivação implícita. Levando-se em conta a natureza dos vários erros cometidos, os examinadores concluíram que os estudantes do Ensino Médio, em sua maioria, estão acostumados com questões cuja solução pode ser obtida através de raciocínio simples e direto, como aquelas resolvidas por meio da aplicação de uma única fórmula, demonstrando grande despreparo no trato de problemas caracterizados por resoluções que requerem o cumprimento de etapas logicamente estruturadas.

Questão 5

Análise Combinatória (Números Binomiais) – Polinômios

A resolução da questão passava por duas etapas, cada uma delas caracterizada pela exigência de conhecimentos em um dos assuntos abordados: Análise Combinatória e Polinômios. Na primeira etapa, o candidato, utilizando-se de propriedades de números binomiais, deveria obter a equação polinomial:

,

da qual era solicitada a solução inteira, descoberta que correspondia à segunda e última etapa. A grande maioria dos que conseguiram pontuar nessa questão chegou à equação polinomial, falhando na tarefa de determinar sua raiz inteira, certamente por desconhecer o simples fato de que tal número devesse ser um divisor de . Os erros mais freqüentes apontaram para o total desconhecimento do conceito de número binomial e de propriedades elementares do fatorial de um número natural, tendo sido comum interpretar como a fração  a representação do número binomial de numerador  e denominador  na forma

,

notação cujo significado foi claramente exposto no enunciado da questão. Em virtude do pequeno número de acertos registrado, apesar do nível mediano de dificuldade da questão, e tendo em vista o já comentado em relação à Questão 2, os examinadores consideraram que a abordagem dos assuntos enfocados parece desenvolver-se de modo apenas superficial no Ensino Médio.

Questão 6

Geometria Analítica (Elipse)

 

Tendo em vista o grau de dificuldade da questão, reconhecidamente elevado, o desempenho dos candidatos pode ser considerado regular, principalmente porque observaram-se resoluções corretas, caracterizadas pela originalidade do raciocínio e boas descrições geométricas do problema. Muitas provas não apresentavam qualquer tentativa de solução para a questão, o que demonstra grande deficiência de conhecimentos em relação ao assunto abordado. Dentre as tentativas frustradas de solução, além da deficiência já referida, destaca-se a falta de habilidade em cálculos que envolvem expressões algébricas. Sugere-se, em razão disso, que o estudo das cônicas seja tópico merecedor de mais atenção por parte de docentes no Ensino Médio.

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Q U Í M I C A

Questão 3

Reações Orgânicas

 

A questão abordou quatro temas relacionados às reações orgânicas: adição de água a olefinas, adição de ácido, adição de halogênio e oxidação branda. Como a maioria conseguiu expressar-se corretamente sobre dois ou até três dos temas citados, considera-se bom o desempenho dos candidatos na questão.

Questão 4

Isomeria e Estereoquímica

 

Tendo em vista as respostas apresentadas, os examinadores concluíram serem ignorados, por grande parte dos candidatos, conhecimentos relativos à geometria tridimensional, demonstrando assim que estes sentem dificuldade em trabalhar questões de natureza interdisciplinar, razão pela qual o resultado nela obtido foi considerado apenas razoável.

Questão 5

Reações Orgânicas

 

Esta questão buscou avaliar o conhecimento dos candidatos no que se refere às reações de substituição aromáticas eletrofílicas (alquilação), efeito dos grupos substituintes sobre a reatividade e orientação dessas reações, reações ácido/base e classificação dos detergentes. Em virtude do baixo índice de acertos registrado, os examinadores consideram que o ensino do assunto abordado na questão permanece sendo posto em plano inferior nas escolas.

Questão 6

Termodinâmica (Entalpia – Entropia, energia livre e espontaneidade das reações)

 

Os candidatos demonstraram um conhecimento incompleto do tema abordado, já que a maioria manteve uma performance praticamente invariável, caracterizada pela apresentação de resposta correta para o item b, que dizia respeito à entalpia, e parcialmente correta para o item a, que se referia à energia livre. Um número bastante reduzido conseguiu êxito na resposta dada ao item c. O desempenho dos candidatos, considerado apenas razoável, comprovou que o aprendizado da Primeira Lei da Termodinâmica continua mais efetivo que o da Segunda.  

Questão 7   Equilíbrio Químico

Esta questão, apesar de classificada como fácil pelos elaboradores, evidenciou o fraco conhecimento dos candidatos no que se relaciona a fatores que influem no equilíbrio químico, razão do baixo índice de acertos registrado.

Questão 8

Cinética Química (Lei de Velocidade e Ordem de Reação)

 

O desempenho dos candidatos, nesta questão, foi, de um modo geral, muito fraco, ficando clara a dificuldade que possuem em trabalhar com os conceitos de molecularidade e reação elementar, sendo igualmente digno de nota o desconhecimento da Lei de Velocidade.

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